quinta-feira, 4 de setembro de 2008

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O Experimento de Stanford

Antecedentes

O experimento de aprisionamento da
Universidade de Stanford foi um marco no estudo psicológico das reações humanas ao cativeiro, em particular, nas circunstâncias reais da vida na prisão. Foi conduzido em 1971, por um time de pesquisadores liderados por Philip Zimbardo, da Universidade de Stanford. Voluntários faziam os papéis de guardas e prisioneiros, e viviam em uma prisão "simulada". Contudo, o experimento rapidamente ficou fora de controle e foi abortado. Problemas éticos cercando o experimento de aprisionamento da Universidade de Stanford geram comparações com o Experimento Milgram, que foi conduzido em 1963, na Universidade de Yale, por Stanley Milgram - amigo de Zimbardo nos tempos do ensino médio. O experimento foi patrocinado pela Marinha Americana, para explicar os conflitos no sistema prisional da Corporação. Zimbardo e seu grupo procuravam testar a hipótese que guardas prisionais e seus cativos fossem auto-seletivos, com uma certa disposição que naturalmente levaria a péssimas condições em tal situação.


A Seleção

Os participantes foram recrutados através de um anúncio de jornal e receberiam US$ 15,00 por dia (US$ 76,00 em valores atualizados - 2006), para participar de um "experimento simulado de aprisionamento". Dos 70 inscritos, Zimbardo e seu time selecionaram 24, que foram julgados como sendo mais estáveis psicológicamente e possuindo boa saúde.
Estes participantes eram, na sua maioria, brancos, de classe média, do sexo masculino. Foram formados dois grupos de igual número de "prisioneiros" e "guardas".Uma vez que este experimento se tomou na época da guerra do Vietnan a maioria dos jovens desejava ser prisioneiros se opondo a guerra, originando assim a necessidade da seleção.
.É interessante notar que o grupo dos prisioneiros, após terminado o experimento, pensavam que os "guardas" haviam sido escolhidos devido sua forma física e tamanho, mas na realidade eles foram escolhidos jogando cara-ou-coroa e não havia diferença objetiva de estatura entre os dois grupos.

A Prisão

A prisão, em si, localizava-se no subsolo do Departamento de Psicologia de Stanford, que fora convertido para esse propósito. Um estudante assistente de pesquisa era o "Diretor" e
Zimbardo o "Superintendente". Zimbardo criou uma série de condições específicas na esperança de que os participantes ficassem desorientados, despersonalizados e desindividualizados.

Os Guardas

Aos guardas eram entregues bastões de madeira e uniformes de estilo militar de cor bege, que foram escolhidos pelos próprios "guardas" em uma loja local. Eles também receberam óculos de sol espelhados para evitar o contato visual (Zimbardo teve essa idéia a partir de um filme). Diferentemente dos prisioneiros, os guardas trabalhariam em turnos e poderiam voltar para suas casas nas horas livres, porém alguns preferiam voluntariar-se para fazer horas-extras sem pagamento.


Os Prisioneiros

Os prisioneiros deveriam vestir apenas roupões ao estilo do oriente-médio, sem roupa de baixo e chinelos de borracha, tais medidas fariam com que eles adotassem posturas corporais estranhas - segundo Zimbardo - visando aumentar o desconforto e a desorientação. Eles receberam números ao invés de nomes. Estes números eram costurados aos seus uniformes e os prisioneiros tinham de usar meias-calças apertadas feitas de nylon em suas cabeças para simular que seus cabelos estivessem rapados, similarmente aos cortes utilizados na recruta militar. Além disso, eles eram obrigados a utilizar correntes amarradas em seus tornozelos como um "lembrete permanente" de seu aprisionamento e subjugação.


As Instruções

No dia anterior ao aprisionamento, os guardas foram convocados a uma reunião de orientação, mas não receberam nenhuma instrução formal. Apenas a violência física não seria permitida. Lhes foi dito que seria sua responsabilidade o funcionamento da prisão e que para tanto eles poderiam recorrer a qualquer meio que julgassem necessário. Zimbardo fez o seguinte discurso aos guardas durante a reunião: "Vocês podem gerar nos prisioneiros sentimentos de tédio, de medo até certo ponto, transmitir-lhes uma noção de arbitrariedade e de que suas vidas são totalmente controladas por nós, pelo sistema, por vocês e por mim, e não terão privacidade alguma... Nós vamos privá-los de sua individualidade de diversas maneiras. De um modo geral, isso fará com que eles se sintam impotentes. Isto é, nesta situação nós vamos ter todo o poder e eles nenhum. - do vídeo "
The Stanford Prison Study", citado em Haslam & Reicher, 2003. Aos participantes que seriam os prisioneiros, apenas foi dito para que eles esperassem em suas casas até serem "convocados" no dia que o experimento começaria. Sem qualquer outro aviso, eles foram "acusados" de roubo armado e presos pela verdadeiro departamento de polícia local de Palo Alto, que cooperou nesta parte do experimento. Os prisioneiros passaram pelo processo de identificação regular da polícia, incluindo a tomada de impressões digitais e fotografias, e foram informados de seus direitos. Depois disso foram levados até a "prisão simulada" onde foram revistados, "higienizados" e receberam suas novas identidades (números).

A Crise

O experimento ficou rapidamente fora de controle. Os prisioneiros sofriam - e aceitavam - tratamentos humiliantes e sádicos por parte dos guardas e, como resultado, começaram a apresentar severos distúrbios emocionais. Após um primeiro dia relativamente sem incidentes, no segundo dia eclodiu uma rebelião. Guardas voluntariaram-se para fazer horas extras e trabalhar em conjunto para resolver o problema, atacando os prisioneiros com extintores de incêndio e sem a supervisão do grupo de pesquisa. Seguidamente, os guardas tentaram dividir os prisioneiros e gerar inimizade entre eles, criando um bloco de celas para "bons" e um bloco de celas para"ruins".


Dividir para reinar

Ao dividirem os prisioneiros desta forma, os guardas pretendiam que eles pensassem que havia "informadores" entre eles. Estas medidas foram altamente eficazes e motins em grande escala cessaram. De acordo com os consultores de Zimbardo, a tática é similar à utilizada, com sucesso, nas prisões americanas reais.

Humilhações como punição

A "contagem" dos prisioneiros, que havia sido inicialmente instituida para os ajudar a se acostumarem com seus números de identificação, transformaram-se em cenas de humilhação, que duravam horas. Os guardas maltratavam os prisioneiros e impunham-lhes castigos físicos, como por exemplo exercícios que obrigavam a esforços pesados. Muito rapidamente, a prisão tornou-se um local insalubre e sem condições de higiene e com um ambiente hostil e sinistro. O direito de utilizar o banheiro tornou-se um privilégio que poderia ser - e freqüêntemente era - negado. Alguns prisioneiros foram obrigados a limpar os banheiros sem qualquer proteção nas mãos. Os colchonetes foram removidos para o bloco de celas dos "bons" e os demais prisioneiros eram obrigados a dormir no concreto, sem roupa alguma. A comida era frequentemente negada, sendo usada como meio de punição. Alguns prisioneiros foram obrigados a despir-se e chegou a haver atos de humilhação sexual.

O envolvimento do pesquisador

Zimbardo descreveu que ele mesmo estava se sentindo cada vez mais envolvido na experiência, que dirigiu e na qual foi igualmente participante ativo. No quarto dia, ele e os guardas, ao ouvirem um rumor sobre um plano de fuga, tentaram, alegando necessidade de maior "segurança", transferir o experimento inteiro para um bloco prisional verdadeiro, pertencente ao departamento da polícia local e fora de uso. Felizmente a polícia local não acatou a idéia, e Zimbardo relatou ter-se sentido irritado e revoltado pelo que ele via como "falta de cooperação" das autoridades locais. À medida que o experimento prosseguia os guardas iam dando mostras de um crescente
sadismo, especialmente à noite, quando eles pensavam que as câmeras estavam desligadas. Os investigadores afirmaram que aproximadamente um terço dos guardas apresentou tendências sádicas "genuínas". Muitos dos guardas ficaram bastante desapontados quando a experiência foi terminada antes do previsto. Um dos pontos que Zimbardo ressaltou como prova de que os participantes haviam internalizado seus papéis é que, ao ser-lhes oferecida a "liberdade condicional" em troca do pagamento dos dias que faltavam para a experiência terminar, a maioria dos "prisioneiros" aceitou o acordo. Eles receberiam apenas pelos dias em que haviam participado. Porém, ao ser-lhes comunicado que a "liberdade condicional" havia sido rejeitada e que se eles fossem embora não receberiam nada, os prisioneiros permaneceram no experimento. Zimbardo alega que eles não tinham quaisquer razões para continuarem participando se estavam dispostos a prescindir do pagamento para abandonarem a prisão.
Um prisioneiro chegou a desenvolver rash cutâneo de origem psicossomática por todo o corpo, ao descobrir que não poderia deixar o experimento ou não receberia nenhum dinheiro. Zimbardo ignorou alegando que ele apenas estava "fingindo" estar doente para poder escapar.
Choro incontrolável e pensamento desorganizado também foram sintomas comuns entre os prisioneiros. Dois deles sofreram tal trauma que tiveram de ser removidos e substituídos.


O horror e a greve

Um dos prisioneiros substitutos, com o número 416, ficou tão horrorizado com o tratamento que os guardas estavam dando que resolveu iniciar uma
greve de fome. Ele foi trancado em um compatimento exíguo, que servia como "solitária", durante três horas, enquanto os guardas o obrigaram a segurar as salsichas que tinha recusado comer. Os demais prisioneiros consideravam-no um "causador de problemas". Para explorar esse sentimento, os guardas fizeram uma oferta: os prisioneiros poderiam abrir mão das suas mantas para que o substituto fosse libertado da solitária, ou ele seria mantido lá durante a noite toda. Os prisioneiros escolheram ficar com as suas mantas. Zimbardo interveio e o substituto pôde voltar para sua cela.

O final

Quando Zimbardo resolveu abortar o experimento, foi chamada uma pesquisadora que nada sabia do que havia sido feito para conduzir as entrevistas com os participantes. A pesquisadora em questão estava tendo um "relacionamento" com Zimbardo na época do experimento, e atualmente é casada com ele. Dentre todas as 50 pessoas que visitaram a "prisão", a única pessoa que questionou a ética de tal experimento foi ela. O experimento, que havia sido planejado para durar duas semanas durou apenas seis dias.


Retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Experimento_de_aprisionamento_de_Stanford

Foto de um "guarda" do Experimento


Foto dos "prisioneiros" que participaram do Experimento de Stanford


Dilema 4

O experimento de Stanford: análise crítica e justificativas éticas.


Philipe Zimbardo tornou-se um dos pesquisadores referenciais na psicologia experimental, a partir do experimento de Stanford onde ele buscou manipular as reações psicológicas humanas em situação de cativeiro. Atualmente, tal experimento é motivo de muita controvérsia em virtude da forma como ele foi conduzido pelo pesquisador, pois este se calçou numa ética fundamentalmente teleológica, ou seja, em pressupostos de finalidade como justificativa dos meios ou ações. Foi uma pesquisa embasada numa concepção de homem como um ser egoísta, utilizando-se de proposições delicadas e discutíveis.
A grande dificuldade do experimento talvez tenha sido a falta de uma definição clara do papel do pesquisador, como gestor imparcial (se é que tal proposição seja possível); que poderia possibilitar uma percepção acurada do desenrolar do experimento.
A justificativa ética do experimento foi considerada falha, em virtude de uma desensibilização do pesquisador ante a premissa de neutralidade epistemológica, ou seja, houve uma inserção inadequada de Zimbardo como um participante ativo do experimento.

Dilema 3

Ètico contemporâneo – O universal versus o cultural

1. Qual abordagem você adotaria ns interpretação dos resultados?
2. Segundo a psicologia, qual o real problema na interpretação dos resultados?
3. Segunda a ética, qual o real problema na interpretação dos resultados?


Respostas:

1. Em primeiro lugar, é necessário saber o que os pesquisadores querem saber ou comparar para depois escolher o melhor método. Em primeiro lugar, deve-se reconhecer que neste tipo de estudo, ambas as escolhas têm limitações consideráveis, já que se busca comparar realidades totalmente diferentes. Do ponto de vista antropológico, por exemplo, seria totalmente desaconselhável comparar duas culturas diferentes, muito menos universalizar os dados em tais contextos, nos quais as realidades podem ser consideradas totalmente paralelas. Independentemente da abordagem que eu escolhesse, os dados deveriam vir acompanhados de todas estas considerações, reconhecendo que um ou outro método está ou não de acordo com parâmetros que permitam obter os dados da forma o mais igualitária possível, por meio de adaptações necessárias a cada cultura. Como isto é quase sempre inviável em pesquisas de grande porte, o ideal seriam pesquisas separadas, com instrumentos devidamente adaptados para posterior comparação e, mesmo assim, reconhecendo-se que os diferentes escores não podem ser comparados em relação a uma escala de inferioridade-superioridade, já que se trata de comunidades com valores diferentes.


2. O real problema estaria na limitação da pesquisa científica, na busca de generalização dos resultados encontrados em uma amostra para uma dimensão populacional, sem cair na armadilha da discriminação e valorizar um ponto em detrimento de outro. Uma possibilidade de solução estaria no exemplo da gestalt em relação à figura e fundo, em que os dois são apresentados e percebidos ao mesmo tempo, apesar de um estar sempre preponderando sobre o outro, sem, no entanto ser preciso eliminar nenhum ponto. Portanto, a generalização e a especificidade podem ser trabalhadas na interpretação dos resultados de uma pesquisa, preservando o valor de cada um na questão. Sintetizando, tratar as pessoas com um conteúdo subjetivo formado em realidades diversas como iguais e comparar seus escores equivocadamente e de forma etnocêntrica.


3. O problema na interpretação dos resultados, segundo a ética, estaria na apresentação destes, no qual é imprescindível retirar todos os possíveis resquícios preconceituais, que, até disfarçadamente, insistam em aparecer nas diferenças inerentes, encontradas em qualquer pesquisa, para que não afetem indivíduos, grupos sociais ou a sociedade em conjunto. Tanto quanto, o de comparar dados de natureza e de fontes diferentes como iguais e permitir que isto crie a possibilidade de se comparar, na procura de legitimar preconceitos ou de abrir lacunas para que isto ocorra atribuindo aos resultados o caráter de verdade legitimadora.